quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Sinopse: "O assalto ao trem pagador"


“O Assalto Ao Trem Pagador”, de Roberto Farias (1962)

Filme clássico do cinema brasileiro. No interior do Estado do Rio de Janeiro, em 14 de junho de 1960, cinco mascarados armados de metralhadoras e revólveres, liderados por Tião Medonho, assaltaram o trem pagador da estrada de ferro Central do Brasil. A maioria dos assaltantes, com exceção de Grilo Peru, Edgar e Tonho, são negros favelados do Rio de Janeiro. Para não despertar suspeitas da polícia, eles decidem só gastar no máximo dez por cento do produto roubado. Entretanto, começam a surgir na favela acontecimentos que tendem a prejudicar o sigilo dos assaltantes. Grilo Peru (interpretado por Reginaldo Faria), mentor do assalto, jovem branco, se entrega ao luxo da zona sul e não aceita as restrições impostas por Tião Medonho. Tenta fugir do País, mas é morto pelo negro favelado. Finalmente, Miguel, compadre de Tião Medonho, trai a quadrilha, denunciando os favelados. A polícia fecha o cerco sobre os assaltantes, até chegar em Tião Medonho. Baseado em fatos reais, Roberto Faria expõe, através deste filme, clivagens de classe e de raça que atingem a sociedade brasileira. A maioria dos assaltantes do trem pagador, com exceção do mentor intelectual do crime são negros e favelados, buscando com o dinheiro obter meios de trabalho e oportunidades de vida digna (ao contrário, por exemplo, do jovem branco da zona sul, mentor intelectual do crime, Peru Grilo, que gasta o dinheiro com luxo ostentátorio e prazer). Existe uma clara divisão hierarquica do trabalho, baseada na posição de classe e na raça - os negros favelados, liderados por Tião Medonho executaram o crime e Peru Grilo, que se diz emissário de um suposto Engenheiro, é o mentor intelectual da operação criminosa. Com os favelados, a policia age com vigor, transgredindo direitos e espaço privado, obcecada em encontrar o dinheiro do assalto e seus executores. Os jornalistas aparecem movidos pelo puro sensacionalismo, desprezando o drama humano e social que existe por trás da noticia do assalto ao trem pagador. A situação de pária dos favelados está pressuposta na narrativa de Roberto Faria, inclusive na idéia de que o assalto ao trem pagador só poderia ser obra de estrangeiros, pois brasileiros não seriam capazes de executar tamanha proeza. É interessante o diálogo entre Edgar e sua mulher (interpretada por Dirce Migliaccio). Diz ele: - “Pobre não pode passar de ladrão de Galinha! Roubar pouco é que dá cadeia”. E a mulher arremata: “Mas não dá morte, e tu, por ter roubado feito rico pode acabar morto.” [topo]
(2006)

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